Logo ao amanhecer, a notícia
de que Ele havia partido. A cidade parecia
adivinhar: céu iluminado, trânsito
lento, alunos silenciosos, o rio Itapemirim
à cantarolar “ xua.. xuá..”, o jornaleiro
a divulgar a nota que, se pudesse, não haveria de ser publicada por
estes dias, afinal, é primavera!
Talvez, por ser primavera, tenha o poeta, alçado voo; a claridade das manhãs, o canto das aves a
construírem novos ninhos, árvores a
frutificarem, data melhor para se cruzar o horizonte que intercala realidade à subjetividade?
Fosse manhã de inverno, e
chuva fina anunciariam a despedida; o dia se tornasse ainda mais triste, mas é primavera! E “que importa que uma estrela já esteja morta
se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?”
Sonho?! Talvez este seja o mote desta
crônica, este capaz de fazer-nos acreditar que poetas não morrem, apenas cruzam
os céus das impossibilidades. Deixam de
pisar seus pés em terras firmes, para cruzarem indefiníveis horizontes.
Que seja a primavera, a estação que o acolhe em seus imensuráveis
jardins. Mesmo que venha o inverno, o outono ou o verão, “Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e
também uma lembrança boa”, principalmente, dos tempos em que se pode
ouvir o poeta recitar versos de
amor à vida.
Por enquanto, “lembremos
apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

Nenhum comentário:
Postar um comentário