quinta-feira, 27 de setembro de 2012

DESPEDIDA


Logo ao amanhecer, a notícia de que Ele havia partido.  A cidade parecia adivinhar:  céu iluminado, trânsito lento, alunos silenciosos,  o rio Itapemirim  à cantarolar “ xua.. xuá..”,  o  jornaleiro  a divulgar a nota que, se pudesse, não haveria de ser publicada por estes dias, afinal, é primavera!

Talvez, por ser primavera, tenha o poeta, alçado voo; a claridade das manhãs, o canto das aves a construírem novos ninhos,  árvores a frutificarem, data melhor para se cruzar o horizonte que intercala  realidade à subjetividade?

Fosse manhã de inverno, e chuva fina anunciariam a despedida; o dia se tornasse ainda mais triste,  mas é primavera!  E “que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?”

Sonho?! Talvez este seja o mote desta crônica, este capaz de fazer-nos acreditar que poetas não morrem, apenas cruzam os céus das  impossibilidades. Deixam de pisar seus pés em terras firmes, para cruzarem indefiníveis horizontes.

Que seja a primavera,  a estação que o acolhe em seus imensuráveis jardins.  Mesmo que venha o  inverno, o outono ou o verão,  “Creio que  será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa”,  principalmente, dos tempos em que se pode ouvir o poeta  recitar versos de amor  à vida.

Por enquanto, “lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.




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Sou um ponto Elemento visual real tantas vezes pequeno em relação a um plano maior. Um ponto que penetra espaços vazios de sentimentos emoções. Sozinha Sou apenas um ponto mas que ao aglutinar-me viajo no universos das possibilidades fusão do verbal com o visual na complexa sintaxe da vida.