quinta-feira, 27 de setembro de 2012


   
PRIMAVERA

Athayr Cagnin

 
Farfalham folhas e despertam ninhos.
Acorda o dia em rútilos fulgores.
O sol abre a cortina dos caminhos
para a festa das aves e das flores.

Por toda a parte a voz dos passarinhos
confunde-se com a voz dos trovadores.
Namorados permutam-se carinhos...
Há uma feérica explosão de cores.

Aromas pairam no ar. Nuvens graciosas
evoluem no espaço, preguiçosas...
A conversar com os pássaros me arrisco...

É a primavera! E eu sinto dentro em mim
um desejo de amar que não tem fim,
como se eu fora um novo São Francisco!


Athayr Cagnin, poeta e trovador, nasceu no município de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, em 20/11/1918  e, já cobertos de saudades, nos despedimos do poeta em 23/09/2012.  

A imagem foi retirado do site:  http://roneyamoraes.blogspot.com.br/

DESPEDIDA


Logo ao amanhecer, a notícia de que Ele havia partido.  A cidade parecia adivinhar:  céu iluminado, trânsito lento, alunos silenciosos,  o rio Itapemirim  à cantarolar “ xua.. xuá..”,  o  jornaleiro  a divulgar a nota que, se pudesse, não haveria de ser publicada por estes dias, afinal, é primavera!

Talvez, por ser primavera, tenha o poeta, alçado voo; a claridade das manhãs, o canto das aves a construírem novos ninhos,  árvores a frutificarem, data melhor para se cruzar o horizonte que intercala  realidade à subjetividade?

Fosse manhã de inverno, e chuva fina anunciariam a despedida; o dia se tornasse ainda mais triste,  mas é primavera!  E “que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?”

Sonho?! Talvez este seja o mote desta crônica, este capaz de fazer-nos acreditar que poetas não morrem, apenas cruzam os céus das  impossibilidades. Deixam de pisar seus pés em terras firmes, para cruzarem indefiníveis horizontes.

Que seja a primavera,  a estação que o acolhe em seus imensuráveis jardins.  Mesmo que venha o  inverno, o outono ou o verão,  “Creio que  será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa”,  principalmente, dos tempos em que se pode ouvir o poeta  recitar versos de amor  à vida.

Por enquanto, “lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.




segunda-feira, 10 de setembro de 2012

De professor para professor: o assunto é Redação!

Já estamos em Setembro e, em breve, as provas do ENEM.  Muitos alunos estão preocupados com a Redação, a começar pela temática. Na verdade, os alunos estão acostumados a dissertar, tem acesso a argumentação em sala de aula, mas quando estão diante da proposta, tornam-se principiantes, temerosos.

De forma a diminuir a tensão do grupo, optei por realizar algumas atividades, nada original, mas que muito tem contribuído no momento da escrita. fica a dica:

1- Leve para os alunos recortes de jornais e revistas; trata-se de artigos, carta do leitor, editoriais; as temáticas são as mais variadas, desde tecnologia, à política.

2- Abandone a famosa" fila indiana" e opte pelo círculo, uma forma de promover o diálogo na hora das apresentações dos temas. Momento em que cada aluno apresenta o ponto de vista sobre determinada temática, ouve o que o colega pensa sobre o assunto, tira  dúvidas em relação a escrita. A argumentação verbal sustenta as ideias, sem falar que, ao final da aula, se obterá 'N" opiniões sobre determinado assunto.

3- A cada aula, antes da escrita, aborde a temática a partir  levantamento do que sabem sobre determinado assunto. Em seguida, apresente um texto que disserte, fale sobre o assunto para então apresentar aos alunos
as coletâneas que servirão  de embasamento na hora da produção.

4- As imagens contribuem de forma significativa para produção dos alunos, desde que relacionadas aos temas a serem trabalhados. Inicialmente o aluno comenta o que vê, o que sente a partir da visualização e, obviamente, procura contextualizar a imagem. Em seguida, apresenta-se  um texto ( poesia, cronica,artigo) relacionado ao assunto. 

5- As charges, são essenciais no processo, uma vez que as mesmas abordam  temáticas atuais; mesmo quando fora do contexto, possibilitam reflexão, quando os alunos percebem ser necessário conhecimento no ato da interpretação.

6- A escrita só se completa na  reescrita, desta forma, essencial que o aluno observe os " erros" cometidos, as sugestões de acertos, por parte do professor. Quando é , válido usar o próprio texto do aluno, sem citar nomes,  para mostrar os problemas e, certamente,  sugestão de correção. 

7- Textos com problemas de coesão e coerência, erros ortográficos e de concordância, favorecem de forma significativa a compreensão do aluno. A princípio levam na brincadeira, mas com o tempo passam a identificar e fazer as devidas correções sem necessidade de intervenção.

8- No ato da correção, importantíssimo que o aluno saiba onde foi que errou; desta forma, registre, no final da folha de cada aluno,  os itens avaliados, para que o mesmo possa identificar o erro e acompanhar o próprio desenvolvimento.  

Dicas simples e que, no entanto, oportunizam aos alunos momentos de descontração e construção do saber. 
Cada aluno traz consigo experiências e conhecimentos valorosos, cabe a nós,  professores,  oferecer caminhos que favoreçam o desenvolver das habilidades da escrita. 

Prof. Verônica 
Set/2012



sábado, 8 de setembro de 2012

De volta à terra

                 Depois de quatro anos de estudos, o finalizar o Curso. O poder usufruir do merecido descanso.Foram anos, meses, dias de muito estresse. Depois de quatro anos, o poder desfrutar de um feriado, passear, sair com a filha, ver Tv, cuidar da casa, comprar um livro de receitas, sem estar o tempo todo, preocupada com leituras infindáveis, atividades inúmeras, a serem postadas. O feriado passou tão tranquilo, que pude até visitar uma amiga.Estudos são necessários.O conhecimento é a mola que move o mundo,e hoje me pergunto se valeu a pena. Pessoa,já o disse:
 "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". 

Descobri, nesses quatro anos, que minh"alma  tem sede de conhecimento, e, na constante busca, perscruta os beirais em busca do horizonte.Foi minha segunda graduação. E como ter filhos: o primeiro pura emoção; o segundo, talvez por imaginar conhecer os caminhos corre-se o risco de ser preciso rever conceitos. Assim como as manhãs que podem surgir totalmente frias e ao fim do dia, apresentar-se quentes, ou vice-versa, a caminhada em busca do conhecimento oferece desafios e, certamente , crescimento, dado a complexidade das coisas e singularidade do ser. Confesso que ainda  não  sinto falta dos papéis, dos livros espalhados pela casa, na verdade, retirei-os da estante, guardei-os todos numa caixa.Todos estranharam, mas  é como se necessitasse , com urgência, retomar os remos da nau. Foram tantos dias em alto mar, travando lutas com deuses e tempestades infindáveis, que ao vislumbrar o horizonte, vem um mister de conquista e certeza de que, o apreendido terá que ser moldado a realidade. Foram tantas as informações, que muitas vezes, pensava não ser capaz de processar os dados; aliar teoria à prática, desta forma, se torna um desafio. Motivos pelo qual, os livros não mais são necessários em mãos. 

Basta fechar os olhos e retomo as páginas, os capítulos, estabeleço elos que dialogam teoria à prática e , no entanto, sinto-me como um adolescente ao ser indagado quanto ao que deseja ser quando crescer. Os dias se passaram; os amigos, cada um retoma seus caminhos e como mudaram nestes dias anos..Mudanças internas e externas, sem perderem, no entanto a essência. Alguns tornaram-se ainda melhores, outros surpreenderam. ser humano, sempre surpreendem,o que há de vir virá no pós-formação, quando o tempo permitirá o amadurecimento das técnicas, nos fazeres.não sei ao certo o que farei nos próximos dias. Somente de uma coisa sei: nada sei! Não, que tenha sido em vão todo processo. Mas aprendi no decorrer de meu viver, que, quando se apreende verdadeiramente algo, um grande vazio permeia a alma e, esta, necessita descansar temporariamente nos braços do silêncio, de forma que alma, corpo e espírito se reencontrem, dialoguem e ai,sim, brotam-se das sementes os primeiros ramos, estes que rompem a árida terra, que mais tarde serão galhos, darão frutos.Foi assim com Letras, o que, necessariamente, não precisa ser com Artes, mas prefiro que seja assim: processo maduro, capaz de oportunizar crescimento a mim, e àqueles que não temem cruzar os mares em busca de conhecimento.

O horizonte se aproxima. Já visualizo dia 29, sem as opacas lentes dos binóculos.  Agora é vestir a beca, pegar o canudo, soltar o grito retido nas extensas linhas que me conduziram até aqui: Eu consegui!!! Eu consegui!!! Glória a Deus!!

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Sou um ponto Elemento visual real tantas vezes pequeno em relação a um plano maior. Um ponto que penetra espaços vazios de sentimentos emoções. Sozinha Sou apenas um ponto mas que ao aglutinar-me viajo no universos das possibilidades fusão do verbal com o visual na complexa sintaxe da vida.