Entardecer de 12 de junho de
2014. Alguns moradores da rua reuniram-se para ver o jogo no telão, montado no decorrer
da tarde, próximo do tradicional churrasquinho.
Aos poucos foram chegando do
trabalho, da escola, de casa. Casai, filhos, moças, rapazes. Hpoje a rua é de
todos, a rua é dos torcedores
brasileiros! Alguns nem foram em casa, já vestidos de verde amarelo, mesmo de uniformes, aderiram as
comemorações, afinal , o tão sonhado jogo do Brasil, no Brasil!
É a copa, mano!! Tem Jogo, mané!!
É hoje, camarada!!Tem jogo hoje, amiga!!
No vestuárioá valido de tudo:
perucas louras, verde amarelas, bonés com cores do Brasil, sem camisa, de sandália, tênis, descalços... crianças, ao derredor das cadeiras de praia,
de plástico, banquetas, a brincarem de: bola. O cheiro de pipocas, arroz e linguiça assada, invade
o ar. Os sons da corneta misturam-se aos
do foguete. Olha que o jogo sequer começou!
Com cair da tarde, o céu ficou
azul bebê, coberto de nuvens em formato de carneirinhos, feito sonhos de meninos que se misturavam a
euforia dos homens e mulheres que compõem esta nação.
No começo, silenciosos. Apenas
uma corneta aqui, um foguete ali. Com o deitar do sol , o escurecer, eis que surge a lua cheia, pintada agora em céu azul anil...
De repente: GOOLLLL!!! É GOOOOL,
do BRASIIIIL!!!
Fogos! Fosse o chão uma
arquibancada e sentiríamos o pulsar dos corações. Silencio novamente. Apenas os
cheiros que tornam a invadir os espaços. Temos pessoas de todas as cores de
pele, camisa, cabelos. Não sei o que é mais belo: ver o jogo ao
contemplá-los nas suas indecisões. Roem-se unhas, senta-se. Fica-se de pé.
Fumam. Conversam entre si, certamente, sobre o time, palpites...
O céu escurece totalmente, e ei-la
lá, totalmente prateada, grávida lua. Se
calculado o tempo, corretamente, ao fim do jogo há de nascer sobre a cidade a tão sonhada vitória.
Fim do primeiro tempo: parada
para comer, beber, comentar. O som tão alto que estremece as janelas. Aguenta
coração! Saia do ritmo, mas não perca a emoção de viver este momento, talvez
este o pulsar dos batimentos, que rege o pensamento.
Rói-se unhas, toca-se cornetas,
silêncio, enquanto se aguardam motivos
para nova comemoração. Galvão Bueno tranquilo como sempre. Dez minutos do segundo
tempo e nada....falta! bola longa... cartão.. marcação... palavrão... Felipão na bronca, Jogo difícil... as passadas de bola...
Paulinho e o joelho que toca a perna do
jogador. Danieeeeellll!!!!
O povo grita! Apita! Agitam-se
nas cadeiras. Vibram!! Quase a suplicar
num só coral: GOL ! Gol!! Gol!!! Inúmeras vozes a suplicar GOL GOL GOL GOL !!
Incrível! Neimar, parece sentir a
vibração advinda do povo e...e...Sente a força da torcida na ponta da chuteira
e.... e ....e....e....GOOOOOOOOOOOLLLLL!!!! Aos 27 minutos!!
Quase não se ouve mais o som da
tv, mesmo em máximo volume as comemorações já tomam conta do povo reunido na
rua . Crianças gritam. Faltam só 10 minutos para o fim. Oh, Seu Juiz, diz
Galvão, isso pode?! Opa!!! Jogo Dramático!!!
Quatro minutos de sofrimento apenas para conseguirmos a primeira vitória e,
Seleção, cadê o equilíbrio!!! Grita-se na varando do AP de cima.
Silêncio total na rua! Quarenta e
quatro minutos.....acréscimos????? Olha o goooooooollll!!!!! Olha o goooollll, BRASil,
grita Galvão!!!!! Brasil, povão!!!! Três , amigos!!
Fim de jogo! Começo da comemoração!
A noite é uma criança e nós, brasileiros! Hoje, de norte
a sul, leste a oeste, somos
feito estrelas reluzentes.!