domingo, 16 de maio de 2010

Rembrandt e a arte da gravura


Maravilhoso poder visualizar as obras de Rembrandt! Conhecer um pouco mais sobre a gravura e as técnicas da água -forte e da ponta-seca, por ele desenvolvidas.

Na exposição visitada, também na capital, infelizmente, não se pôde tirar fotos. Mas foi possivel conhecer um pouco da Holanda do século XVII; as graviuras e destino das matizes, acervo e biografia.

" Rembrandt elaborou muitos auto-retratos." Deixo aqui o meu preferido para você!





B10 Auto Retrato, franzindo as sobrancelhas

Michelangelo



Quem não teve a oportunidade de visitar a exposição realizada na Capital, perdeu. Uma coisa é você estudar as obras dos grandes mestres , outra, é visualizá-las. O grande número de visitantes, o poder conhecer o contexto, observar as cópias com minuciosidade, fez com que se admirasse ainda mais o trabalho por ele realizado.
Foto tirada em maio/2010. Exposição realizada em Vitória.

grafite





Lápis 4b,6b, papel Canson – maio/2010


As dobras, as linhas, as impressões, fizeram com que me lembrasse dos ternos de Linho Branco. Brilhantes, impecáveis, passados à goma e, do nada, tão desalinhados, num simples sentar.


Marcas que não se havia como notar, e que se tornam totalmente perceptíveis, quando retratadas , captadas pelo olhar crítico de algum observador.


Aos poucos o lápis registra, capta, sugere, retrata algo que emerge do nada. O mesclar de linhas horizontais e verticais, as sombras , o abstrato que sugestiona o desejo de unir. Quase que um quebra cabeças que se completa em sua incompletude, quando o perceptivel se confunde com impressões tatuadas no próprio desenho.


Mais uma vez o domesticar os olhos a percorrer caminhos antes nunca trilhados; Não sob ótica detalhista, mas uma estética capaz de traduzir em linhas, sombras e tonalidades, e quem sabe, despertar alguma imagem adormecida.


O que me faz lembrar de uma certa foto, a de meu velho pai, no altar, à espera de minha mãe, com seu terno de linho branco, completamente sem dobras. Somente agora, ao fazer as dobras da manga, da perna, veio-me a imagem à mente... “ preciso rever a foto, já que ambos não os tenho mais.. “ O terno, com o tempo, resguardado no armário do quarto ou de tanto ser usado, por não ser possivel mais desfazer as dobras, deve tê-lo jogado fora, minha mãe; Meu pai, assim como ele, não resistiu as dobras da vida e dobrou à esquina. Ficou em minhas mãos somente a foto dele com o terno branco e a certeza de que as dobras nunca mais serão imperceptiveis...


Impressões, apenas., de quem precisa administar os lápis com destreza, descobrir o grafite que melhor descreva aquilo que a alma tantas vezes não quer registrar...

Sou esta mulher que anda comigo?


Embora já tenha realizado tarefa semelhante com alunos, nunca havia desejado me auto-desenhar. E ao realizar tarefa semelhante, percebi o quanto se é difícil deparar o eu interior com o exterior. Aquilo que achamos que vemos do que realmente somos. Ou diz o lápis ser... O que me faz lembrar do belíssimo poema da minha amada Hilda Hilster: Sou esta mulher que anda comigo?


Desde o princípio surge o questionamento, o ter de confrontar duas faces antes nunca vistas: interior e exterior. Mente o espelho? O côncavo e o convexo... O ter que observar detalhes, linhas, tentar ajeitar aquilo que não se gosta e descobrir que as mãos não obedecem. Sim, parece que a essência domina os dedos, os olhos captam àquilo que, às vezes, o coração oculta, ou não quer ver...


Mas como mente este papel rasurado de linhas e que, inutilmente, deitei a borracha por diversas vezes. Sim, desculpe-me, mestre! Mas impossível desenhar aquilo que nunca se viu... E, ao terminar, o choque!


Esta não sou eu!


Devo ter tirado do fundo de minha mente, algo meio adormecido... imagem de infância, talvez uma professora chata ou apenas fruto do meu astigmatismo. Sempre falo com meu oftalmologista: aumenta o grau!!!


Mas não adianta. Agora terei que conviver com ela. É como se eu descobrisse uma irmã da noite para o dia e ainda me dissessem: são gêmeas! E fico aqui a contemplá-la. Ela com seus imensos olhos, quase que desejosa de saltar do papel. Eu e minhas minúsculas meninas dos olhos, querendo esconder-se ainda mais de tão enigmático olhar.


Penso na finalidade da atividade, no foco do curso e vejo que a cada módulo algo de novo surge, mas não no papel, mas sim, nas mãos, no olhar, no modo de pensar. É como se tivesse tesouras em lugar de dedos e tivesse que me adaptar ao novo ritmo de vida.


O ter que conviver a cada módulo com mãos que falam; olhos que vêem o que não viam antes, o pensar lento, falar e enxergar além da aparência do ser e das coisas. E fica mesmo o desejo de, até o fim do curso, ajeitar o desenho de forma que se pareça realmente comigo, ou pelo menos, com esta que surge a cada manhã no meu imenso espelho exterior. Afinal, não posso ser esta mulher que anda comigo....

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Sou um ponto Elemento visual real tantas vezes pequeno em relação a um plano maior. Um ponto que penetra espaços vazios de sentimentos emoções. Sozinha Sou apenas um ponto mas que ao aglutinar-me viajo no universos das possibilidades fusão do verbal com o visual na complexa sintaxe da vida.