O que é a vida senão um palco, uma tela, espaço em que os protagonistas elaboram conceitos, registram idéias, dividem ideais. E o que é a Arte senão uma forma de ver e sentir a vida, os fatos, as pessoas, tudo aquilo que de certa forma dialoga com nosso interior. Lápis que se deixa mover pela emoção, que não se importa de ser possuída por uma alma ,tantas vezes , intraduzível e que as vezes pode se comunicar timidamente, num simples rabisco, outras , numa repetição de pontos realizados por uma agulha de crochet, de bordar, de tricotar ou ainda, manifestando-se na cultural de um povo, comunidade.
Até ingressar-se na escola, o aluno muitas vezes, não sabe identificar seus dons, não realiza descobertas, não expressa de forma clara suas habilidades. Alguns, até manifestam alguns interesses, como para o desenho, dança, canto, despertando interesse de familiares, amigos, até mesmo profissionais ligados a manifestações artísticas, mas a maioria encontra-se em estado de graça, no útero da imaginação.
E é neste contexto de descobertas que a arte, na escola, surge. Uma disciplina que, embora levada por muitos, como brincadeira, é capaz de desenvolver habilidades e talentos; resgatar a identidade, cultivar práticas tantas vezes adormecidas. Pena que muitas vezes o professor, não saiba despertar ou mesmo abafe a expressão artística de seus alunos. Um comentário, atividades repetitivas ou mesmo fora de um contexto. O abafar a expressão para valorizar aquilo que já se tem pronto, construído. Não que o aluno não deva aprender conceitos necessários, imagina se uma dançarina não treinasse horas e horas, se um pintor não aprendesse a misturar cores, se um fotógrafo permanecesse sempre com a máquina de seus antepassados...
E acredito que tenha sido neste contexto que muitos artistas tenham sido gerados ou visto suas habilidades enterradas. Ainda bem que alguns não se deixam dominar e ultrapassam as imaginárias linhas do horizonte. O que nos faz lembrar de algumas aulas de educação artísticas, as tão esperadas, que nos permitiam deitar no papel sentimentos saltitantes; que nos ensinavam a pregar botões, pintar paninhos de prato, brincar de montar casinhas por meio de maquetes, indo desde a escolha de cores das paredes aos objetos de decoração. Eram aulas muito direcionadas a formação feminina? Sim, até porque muitas escolas eram de freiras, mas havia a possibilidade de crescer e visualizar mudanças. Não se tinha ainda, pelo menos no contexto bancário, exemplos de macacos a pintar telas. Era tudo muito figurativo, mas o azul do céu, as ondas do mar, os pássaros, até mesmo os botões eram possibilidades de escolhas. Digamos que até mesmo a margem, aquela que serve de moldura e , hoje, tão desrespeitadas por alguns alunos, serviam-nos de paradigmas.
Os tempos mudaram. Ás vezes penso se para melhor ou pior, se considerado a falta que nos faz um representante artístico capaz de captar a fragmentação do ser de forma não tão simplória ou mesmo confusa. Penso na possibilidade que a formação artística possibilita ao ser. Enquanto tudo é repetição, regras, a arte surge como inovação. Se repararmos, juntamente com a escrita, torna-se capaz de registrar fatos, colocar para fora aquilo que tantas vezes incomoda, destrói ou melhor, poder mudar todo um contexto.
Se no passado a disciplina tenha caráter sócio –educativo, hoje a arte pode resgatar vidas, realizar o mesmo diálogo, porém de forma mais direcionada e menos formal. Artes pode interagir com matemática, ciências, inglês, Português, com a família, com as prioridades do mundo, ajudando no combate a violência, colaborando cognitivamente, ao reconhecer-se capaz de idealizar uma obra sem antes nunca tê-la visto, ao poder resgatar sua identidade, construí-la por meio de uma exposição, oficinas.
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