domingo, 30 de agosto de 2009

Lápis, papel e sensibilidade




Ler e escrever, aprender conteúdos constantes em uma gramática, manusear livros didáticos repletos de conteúdos generalizados. Carteiras , uniformes, professores, conteúdos, provas, trabalhos voltados, no entanto, a um público bastante diferenciado, simples, de mochila pesada e alma suave.

Sonhos.

Não fosse algum professor de olhos e alma incansáveis e os dias de muitos alunos seriam vazios como manhãs de inverno nas altas montanhas. Somente brisa suave ou tempestade os alcançaria, e que não seria sinônimo de renovação.

Dizem que as águias buscam altas montanhas para renovação. De que necessitam nossos alunos para que abandonem a tradicional repetição de idéias, os verbetes, os medos, a visualização das impossibilidades , tantas vezes apresentadas e quase nunca diminuídas, diluídas em conteúdos menos complexos e mais significativos?

Como transformar o lápis, borracha e papel por eles transportados diariamente em instrumentos capazes de registrar momentos indescritíveis; colher fatos do cotidiano, não somente para os analisar e interpretar, antes visualizá-los como elementos de uma grande receita que tem como ingredientes pessoas , seres repletos de singularidades?

Identidade.

Busca , registro, confrontos e a certeza de que ser jovem, adolescente, é ser realmente diferente. É ter na mente o que tantos adultos já deixaram escapar por entre os dedos em certo trecho do caminho. É ver e sentir o mundo com o coração, olhos de pássaro que não teme o beiral, porque sabe que cedo ou tarde terá que contemplar o horizonte. Voar, tantas vezes, sozinho em busca daquilo que tantos de nós já buscamos um dia: realização.

Talvez este seja o maior problema: como encarar um horizonte em que tantos pássaros alcançam e não retornam para dividir as experiências; que as vezes até voltam, mas com suas penas caídas, corpo e almas despedaçados...

Bom saber que ainda existem professores que utilizam além do lápis, papel e borracha, os olhos, a alma e o coração no momento do aprendizado. Que permitem a seus alunos contemplar , bem de perto, o horizonte e os apresenta àqueles que um dia também passaram pelos bancos escolares, cultivaram sonhos , desejaram receber ensinamentos capazes de os conduzir a altas montanhas. E conseguiram.

Que a prática didática experimentada e vivenciada por alunos de tão difícil época, dado as constantes mudanças e inovações, em que família não é mais sinônimo de estabilidade e que a escola tantas vezes torna-se o único elo que os une a uma sociedade fragmentada esteja voltada não somente a repasse de informações antes, seja instrumento capaz de renovação.

Que ler e escrever não seja apenas direcionado ao aprendizado de palavras desenhadas nos livros, nas apostilas, nos romances. Que desde cedo compreendam que melhor que ler as palavras é ler as entrelinhas. Que se tornem lápis capaz de registrar o momento; tenham alma de borracha, para apagar as diferenças e que suas vidas sejam como folha em branco para registrar histórias de homens que aprenderam desde cedo a ser agentes transformadores.

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Sou um ponto Elemento visual real tantas vezes pequeno em relação a um plano maior. Um ponto que penetra espaços vazios de sentimentos emoções. Sozinha Sou apenas um ponto mas que ao aglutinar-me viajo no universos das possibilidades fusão do verbal com o visual na complexa sintaxe da vida.