Sou de Cachoeiro,
sim,
sou de Cachoeiro
de Itapemirim!
Desde menina
caminho a passos largos
por ruas e avenidas
de uma cidade sem fim.
Conheço cada rua
cada bairro
cada praça
que brincam às margens do Itapemirim.
Já vi o rio ceder lugar para o progresso
trem cruzar o centro da cidade
andei numa " coréia"
e quase toquei o rio de águas barrentas
ao cruzar a ponte
em dias de chuvas sem fim.
Já fui apresentada a antigos prefeitos
estudei em escola pública e particular
sem nada delas ter que reclamar.
Já despertei ao som de bandas
de sinos madrugada à fora
já fui para outras cidades
conheci grandes capitais
tive que secar as lágrimas no travesseiro
ao contemplar a lua
tão distante de meu Itabira.
Já fotografei o Frade e a Freira
fiz piquenique aos pés do Itabira
tocaram minhas mãos
as cristalinas águas na Ilha dos meirelles...
já ouvi o o som dos pios
já enfeitei a casa de mármore e granito
chupei bala de coco Itabira
ouvi jogo na rádio Cachoeiro
fui a show de calouros no antigo Cine Broadway
já comi pastel sírio no cine cacique
arrumeir namorado na procisão de São Pedro
fiz promessa para Senhora da Consolação
e acabei me casando
do outro lado do rio. ...
Conheci Nenem doido
Maria Fumaça
Maria taruíra
e o velho Moringueiro
já assisti jogo no morro do sumaré
fui ao campo torcer pelo Estrela
e ao Cachoeiro ver os treinos do time.
Fui aos dois shows do Roberto
participei das bienais
ganhei concurso de crônica
fiz versos na escola e fora dela
para a terra e para o Rei.
Fversos para Benjamim
aprendi a fazer versos com Sylvan
admirar as crônicas da Ariete
desejar ser inteligente como a professora Isis.
Nessa busca sem fim de identidade
me tornei
rato de biblioteca
nas folhas de velhos e ensabeados livros
tantas vezes adormeci...
Aprendi, desde menina, a dar valor
ao que é meu
ao que é nosso.
Hoje,
contemplo admirada as transformações
e avanços ocorridos a cada dia,
enquanto
aguardo sutilmente
as estações se completarem.
Quem sabe, um dia, feito garça
sobrevoe esta cidade
e retorne ao fim da tarde
para pousar meus sonhos e lembranças
no num galho de árvore
plantada à beira do Rio?
( Por - Verônica Eugenio - 24/10/2009)
poemas sem correções